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Fábrica nova vai dobrar produção da Antilhas

Companhia investe em máquinas e negocia compra de terreno. Objetivo é dobrar capacidade de fabricação de sacolas até 2014.

O empresário Valter Baptista, proprietário da fábrica de embalagens Antilhas, está em fase final de negociação para adquirir um terreno onde pretende erguer uma nova unidade e duplicar até 2014 sua capacidade produtiva que hoje é de 2,25 mil toneladas mensais. A empresa, que conta hoje com 600 funcionários e tem entre os principais produtos sacolas utilizadas por diferentes áreas do varejo, avalia duas áreas na Grande São Paulo, uma em Itapevi e outra em Santana do Parnaíba, onde já está instalada a sede da companhia. A construção da nova fábrica será feita em módulos. O primeiro, a ser concluído no segundo semestre de 2012, deverá ocupar 14 mil metros quadrados e contará com um investimento estimado entre R$ 18 milhões e R$ 20 milhões, que representam a aquisição de duas impressoras flexográficas e outras duas off-set e a construção da estrutura física do imóvel. Baptista relata estar bastante otimista com as perspectivas para sua companhia, criada há 21 anos e que vem crescendo nesta década a um ritmo de dois dígitos por ano. Em 2009, o crescimento foi de 13,5%, enquanto o mercado de embalagens manteve-se estagnado, segundo a Associação Brasileira de Embalagens (Abre). Para este ano, a previsão era de expansão de 16%, mas as encomendas dispararam. Até maio, foram 33% superiores ao ano anterior. "Vamos superar em muito as expectativas iniciais", diz o empresário, que não revela o faturamento da companhia. Este aumento da demanda estimulou investimentos de R$ 10 milhões na ampliação da estrutura física e da capacidade produtiva da fábrica de Santana do Parnaíba, que receberá duas novas impressoras flexográficas, uma off-set, duas máquinas coladeiras e uma de corte e vinco.

A estratégia de crescimento da Antilhas é sustentada na inovação. Atualmente a empresa mantém uma equipe de 22 funcionários dedicados a compreender as necessidades dos clientes e desenvolver soluções específicas. Este trabalho já rendeu o desenvolvimento de três produtos patenteados e outros dois em processo de registro junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). Um dos produtos é o sistema batizado de "overbag", que fecha a sacola e a transforma numa embalagem para presente, adotada inicialmente pelo O Boticário. Além disso, a empresa criou um sistema de logística capaz de entregar embalagens em 12 mil localidades, o que permitiu o atendimento de redes com lojas espalhadas por todo o país, como supermercados e franquias.

O principal mercado da Antilhas, com 65% das encomendas, é o de embalagens para cosméticos e perfumes. A empresa ainda tem forte presença na produção de embalagens para papel, tipo A4, e para vestuário. Mas é no setor de alimentos e bebidas, que por ora responde por apenas 3% dos negócios, que espera expansão que justificará a nova fábrica. E novamente será uma inovação que permitirá o salto.

A companhia está introduzindo no Brasil um sistema de impressão de embalagens por meio de feixe de elétrons, tecnologia denominada Electron Beam, no qual a própria Antilhas teve um papel importante no desenvolvimento. A tecnologia gera maior qualidade, com menor toxidade e impacto ambiental. É voltada para todos os segmentos de embalagens, mas em alimentos apresenta uma maior vantagem, ao dispensar uma camada de proteção com filme plástico nas embalagens que envolvem carnes e alimentos prontos para consumo. A Friboi e redes de supermercados com marcas próprias já consultam a Antilhas sobre a tecnologia.

Empresário cria negócio para viabilizar pesquisas
Objetivo é estruturar planos comerciais que viabilizem trabalhos de centros científicos.

O grupo Antilhas é formado por cinco empresas, a RKT, especializada em logística e distribuição, a BT, que faz acabamentos especiais em embalagens, a CRP, que atua com extrusão e pintura de resinas plásticas, a própria Antilhas e a Techno-Solutions, de inovação tecnológica. Apesar de todas as empresas terem sido criadas para dar suporte ao negócio principal, a produção de embalagens, cada uma delas tem vida independente e presta serviços para terceiros, Valter Baptista, um ex-executivo da indústria automobilística, já prepara a sua sucessão. Ele está criando um conselho administrativo, que comandará a operação, enquanto o dia a dia das unidades de negócios passará para seu filho, Bruno, em um prazo de 3 anos.

Mas Valter pretende manter -se à frente da atividade que é a menina de seus olhos, a Techno-Solutions, empresa criada com o objetivo de fazer planos de negócios e viabilizar pesquisas e desenvolvimentos inovadores. A empresa já conta com dois produtos patenteados, ambos voltados para a área de atuação da Antilhas. Um é a tinta GelFlex-EB para impressão com a tecnologia Electron Beam. A outra inovação é uma máquina de impressão híbrida, capaz de trabalhar no sistema flexográfico e off-set.

Novos negócios

O empresário relata que a área de interesse da TechnoSolutions não se limita aos setores gráficos e de embalagens. "Temos buscado oportunidades de negócios nas mais diferentes áreas de pesquisa", diz. No momento, sete outros projetos estão em análise na companhia, sendo que um é na área de alimentos funcionais. A estratégia da empresa, informa Baptista, é viabilizar negócios inovadores, mas não produzir. A idéia é repassar esta etapa para terceiros e receber royalties, em parceria com os pesquisadores. A abertura de capital da Techno-Solutions para suportar os investimentos em pesquisa é uma possibilidade , relata o empresário. "A captação de recursos poderá acelerar projetos e viabilizar novos desenvolvimentos. Já detectamos o interesse até mesmo de investidores estrangeiros", afirma. A abertura de capital da fábrica de embalagens, o principal negócio do grupo, porém, ainda não está no horizonte. "Se precisarmos no futuro, estaremos preparados. Mas ainda não está nos nossos planos", afirma o empresário ".

EXPANSÃO
2,25 mil toneladas mensais de embalagens é a produção atual. O objetivo é dobrar a capacidade produtiva.
MERCADOS
65% das encomendas são do setor de beleza. Alimentos respondem por apenas 3%, mas são a área pela qual a empresa planeja crescer.
INOVAÇÃO
Grupo desenvolveu tinta para impressão com elétrons
Existem em operação no mundo apenas cinco impressoras flexográficas que utilizam o sistema Electron Beam (EB) e a máquina da Antilhas, produzida pela espanhola Comexi, é a primeira no hemisfério sul. O grupo comandado por Valter Baptista não apenas importou a tecnologia, mas teve também uma participação importante em seu desenvolvimento para aplicação no setor de embalagens. Trata-se de um processo a frio de impressão que promove a secagem do material impresso mediante a reordenação das cadeias moleculares, por meio da aplicação de um feixe de elétrons sobre a tinta. Uma empresa do grupo Antilhas, a Techno-Solutions, desenvolveu uma tinta seca, a GelFlex-EB, específica para a cura por feixe de elétrons. A expectativa de Baptista é receber royalties da tinta, que será produzida no Brasil pela Saturno e já conta com o interesse de fabricantes de tintas globais. Na área de embalagens, a nova tecnologia permite uma redução de carbono e solventes na atmosfera em 15 vezes em relação aos processos de impressão com tintas à base de solventes, a eliminação da laminação com filme plástico, redução de odor e uma economia de energia de 50% no processo de cura. D.2.


(Brasil Econômico)

Publicado por: http://www.abre.org.br/abre_imprensa/1806.html